Com um olhar voltado à Educação, hoje vamos dialogar sobre uma disciplina tão importante quanto as demais na escola, a Educação Física. Obrigatória no currículo da Educação Básica, por muito tempo seu principal objetivo foi melhorar a aptidão física dos estudantes e ajudar na formação de atletas.
Na atualidade, a Educação Física destaca a cultura corporal de movimento e oportuniza ao estudante conhecer não apenas o futebol, handebol, basquete e vôlei, mas também outros esportes e práticas corporais, tais como, danças, lutas, acrobacias e outros que também ganham visibilidade. Contudo, a realidade é que muitas escolas não oferecem espaços e instrumentos para o desenvolvimento pedagógico desse trabalho nas aulas dessa valiosa disciplina.
Isso não pode ser motivo para docentes da área cruzarem os braços. Muitos professores utilizam sabiamente a transposição didática buscando formas para facilitar a aprendizagem, transformando o sonho de quadras e instrumentos perfeitos em objetos que condizem com a realidade da instituição para produção pedagógica de seus trabalhos. Com isso, fazem o melhor com o material que tem à disposição, criando e recriando para que os estudantes possam experimentar jogos, danças, esportes e outros, construindo juntos o processo da aprendizagem significativa e concreta.
Respondendo de maneira simples o que vem a ser essa transposição didática, a professora adjunta no Departamento de Linguagens, Cultura e Educação da Universidade Federal do Espírito Santo e do Programa de Pós-Graduação e de Mestrado Profissional em Educação na mesma instituição, a doutora Renata Simões (2019), explica que “no caso da Educação Física, transposição didática são adaptações didáticas e pedagógicas para a realização das aulas com materiais, espaços, regras, estruturas que não são oficiais.” Nessa prática, ouvir os estudantes, conhecer suas realidades e seus sonhos fazem toda a diferença no desenvolvimento das aulas de Educação Física, incentivando-os à participação de modo efetivo e refletindo criticamente sobre as questões sociais do esporte e da sociedade em geral.
O professor doutor Elenor Kunz (2009) relata que “os alunos, com certeza preferem mil vezes jogar, brincar com bola do que saltar em altura, distância, arremessar, ou 'se matar' numa corrida de quatrocentos ou mil metros”. Parte disso se deve aos vestígios da formação tradicionalista, ainda presentes nos cursos de licenciatura, assim como à equivocada cultura implantada nas escolas e na sociedade, de que Educação Física para meninos é “jogar bola” e para meninas é brincar de amarelinha, elástico, jogar queimada, etc.
Para além de uma simples recreação, passatempo, lazer e/ou brincadeira, a Educação Física escolar ultrapassa ensinamentos sobre esportes, conhecimento do corpo, ginástica, jogos, fundamentos e técnicas. Não está ligada somente à promoção de auxílio à saúde e à socialização, pois inclui atitudes nas atividades corporais, valores e realidades dos estudantes, levando em conta os seus saberes e possibilidades e tem a responsabilidade de desvelar o porquê e para que tais movimentos, provocando reflexões sobre as questões sociais relacionadas ao esporte, outros jogos e movimentos.
Com foco na educação integral do sujeito, a Educação Física busca uma formação para o desenvolvimento do estudante crítico, participativo e autônomo, capaz de utilizar-se de suas práticas para a transformação da realidade individual e coletiva.
Texto escrito com a colaboração de Maria Aparecida Prates Botelho