A Organização Social (OS) Iabas, investigada pela força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro, recebeu pelo menos R$ 256 milhões do governo do Estado fluminense para implantar e gerenciar hospitais de campanha para vítimas da Covid-19. Investigadores suspeitam que o grupo preso na última semana, pela Operação Favorito, desviou recursos públicos através deste acordo.
O valor pago foi retirado de um documento enviado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES) ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), órgão que também apura suspeitas de crimes nas contratações relacionadas à pandemia.
Apesar de apenas três dos sete hospitais de campanha programados pelo Estado estarem funcionando, o valor pago à Iabas já corresponde a mais de um terço do total de R$ 770,3 milhões previstos para os seis meses de funcionamento das unidades.
Além disso, foi apurado que, já com o contrato em vigor, uma análise interna da SES apontou que esses pagamentos colocam em risco os cofres públicos, já que a OS foi obrigada a apresentar como garantia apenas 1% do valor do contrato.
Outro indício de irregularidade no processo foi o fato dele ter sido realizado muito rapidamente. O então subsecretário formalizou a abertura do processo administrativo no SEI (Sistema Eletrônico de informações) às 16h14 do dia 27 de março.
Menos de duas horas depois, às 17h53, a SES já havia recebido a proposta da Iabas e iniciado o processo de pagamento. Ou seja, o negócio foi fechado antes que a pasta tentasse obter outras propostas e definir um negócio mais vantajoso para o Estado.
As situações envolvendo os contratos resultaram na prisão do ex-subsecretário executivo de Saúde do Rio, Gabriell Neves, detido no âmbito da Operação Mercadores do Caos, do Ministério Público do Rio.
Além dele, Gustavo Borges da Silva, seu substituto no segundo cargo mais importante da saúde pública fluminense, também foi preso na mesma ação, realizada no dia 7 de maio.
Procurada, a assessoria do governo informou que “todos os contratos celebrados pelo Governo do Rio de Janeiro com as empresas envolvidas nas denúncias estão sendo auditados pela Controladoria Geral do Estado, para verificar possíveis ilegalidades e danos aos cofres públicos”. Já as defesas da Iabas e de Gabriell Neves não responderam.