22 de abril de 1500, descobrimento ou invasão?

No dia 22 de abril é “comemorado” o dia do “descobrimento” do nosso país, o Brasil. Ora, penso que tal façanha deveria ter uma comemoração de alto nível como se têm diversas outras datas importantes e comemorativas de níveis até abaixo desse suposto importante acontecimento. Por exemplo, há mais ou menos 30 anos eu estudava sobre o tema de maneira muito superficial, enquanto focávamos pedagogicamente em assuntos como o Dia da Árvore, dia do Folclore, entre outros.  

Porque então um assunto que deveria ter maior relevância na história não faz muito sentido pedagógico e nem político para os brasileiros? Seria pela ideologia da farsa que cerca todo o entorno da estória ao invés da denúncia da verdadeira história?  

Em recente palestra internacional nos Estados Unidos, a nigeriana Chimamanda Adichie expõe que “uma história única tem a capacidade de destruir a dignidade de um povo,” enquanto, durante o nazismo na Alemanha, o alemão Joseph Goebbls argumentava que “uma mentira falada mil vezes poderia se tornar verdade".

Relaciono as falas de Adichie e Goebbls à eventual história do descobrimento do Brasil. Adulteraram o cenário repetindo inverdades diversas vezes, escondendo de nós o real acontecimento, ocasionando dessa forma a morte do conhecimento da verdade. Isso automaticamente causou a destruição da dignidade de parte da história do povo brasileiro, a começar pelos indígenas.

Didaticamente aprendemos que em 22 de abril de 1500 os portugueses chegaram ao Brasil em 13 grandes embarcações lideradas por Pedro Álvares Cabral. Isso deu a Cabral a nomenclatura de descobridor do Brasil na citada data, porém, quando as caravanas portuguesas chegaram ao Brasil, no nosso país já havia moradores, os indígenas, que outrora foram escravizados e roubados, tanto na questão territorial como habitual e de valores humanos, pois roubaram-lhes sua língua, religião, cultura e todos os costumes peculiares para serem-lhes impostos obrigatoriamente a adequação do regime cultural de ordem portuguesa.

Dessa forma não posso concordar que em 22 de abril de 1500 foi uma descoberta, e sim uma invasão, mas para alívio dos brasileiros que abominam mentiras e injúrias oriundas de desigualdades e preconceitos étnicos raciais, menos mal que a data não é comemorada com fogos, feriado e o glamour de um verdadeiro acontecimento de grande magnitude. De forma inverídica é apenas citada. Isso talvez pela vergonha de sua fundamentação que tem base em mentiras fantasiosas, já que sabemos que o acontecimento de fato não foi descobrimento e sim invasão.