Visita de Lula à China reforça expectativas por parcerias e influência geopolítica

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou uma visita à China em maio, onde se reunirá com o presidente Xi Jinping após sua passagem pela Rússia. O encontro deve ter como foco a relação econômica entre Brasil e China, além de discutir o papel dos Estados Unidos no cenário geopolítico e econômico global.

Doutor em Direito Econômico, Emanuel Pessoa comenta que as expectativas em torno da visita do presidente brasileiro à China ocorrem em um momento de fortalecimento dos laços comerciais entre os dois países e de novas tarifas impostas pelo governo americano. No começo de abril, Trump anunciou tarifas de 34% sobre todas as importações chinesas para os EUA, que se somam às anteriores de 20%, totalizando 54%. “A imposição de novas tarifas pelo governo de Donald Trump sobre produtos chineses agrava a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China. Isso já havia acontecido com o país asiático adotando medidas retaliatórias, como a taxação de 15% sobre produtos como carne de frango e milho. Além disso, deve reduzir suas importações de soja norte-americana, substituindo-a pela brasileira”, afirma.

A soja desempenha um papel central no comércio entre China e Estados Unidos. Como maior importador global do grão, a nação oriental tem influência direta sobre os preços internacionais. “Ao redirecionar suas compras para o Brasil, o mercado norte-americano sofrerá com o excesso de oferta, resultando em pressão de baixa sobre os preços e consequente queda na receita dos agricultores. Essa diminuição de demanda também poderá impactar a indústria de insumos agrícolas e o mercado de transporte, aumentando o efeito cascata na economia local”, ressalta.

Questões geopolíticas

Outra expectativa da agenda de Lula com Xi Jinping será a abordagem de questões geopolíticas, uma vez que se espera que o brasileiro possa tratar de uma possível mediação de um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia.

Emanuel explica que ambos os países já haviam esboçado, ainda durante o governo de Joe Biden, uma proposta de acordo entre Moscou e Kiev. O projeto previa a cessão de territórios ucranianos à Rússia, o que foi criticado pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. “O avanço dessa negociação internacional tomou outros contornos com a vitória de Trump e, inclusive, Lula elogiou publicamente a iniciativa de Trump de organizar uma reunião entre Putin e Zelensky”, comenta.

O doutor em Direito Econômico destaca, ainda, que a visita de Lula à China acontece em um momento estratégico de reconfiguração das relações comerciais e geopolíticas globais, criando novas oportunidades para parcerias econômicas e envolvimento em questões internacionais.