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Política Ales

Comissão debate inclusão de pessoas com síndrome de Down

Representantes da Vitória Down falaram sobre barreiras para inserir segmento na sociedade e a importância da comunicação para superar preconceitos

12/12/2024 10h08
Por: Redação O Diário Fonte: Ales
Deputado Alcântaro Filho presidindo a comissão.
Deputado Alcântaro Filho presidindo a comissão.

De acordo com estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem aproximadamente 300 mil pessoas com síndrome de Down. São ainda muitos os desafios quando se fala na inclusão, sobretudo de crianças e adolescentes com essa condição genética na sociedade. O assunto foi pauta na reunião da Comissão de Proteção à Criança e ao Adolescente na última terça-feira (10).

O colegiado recebeu o embaixador e a vice-presidente da Associação Vitória Down, Marcel Carone e Carolina Brancato. A especialista em neuropsicopedagogia lamentou que as crianças com síndrome de Down enfrentem ainda muitas barreiras, especialmente nos seus primeiros anos de vida.

“Infelizmente são várias as áreas onde têm desafios, não poderia mencionar uma só. Temos muitos desafios no começo da vida, na área da saúde, para ter todos os apoios. Depois, na área da educação, quando essa pessoa entra no sistema escolar, tem ainda muitas barreiras para ter uma educação e uma permanência, uma garantia de aprendizagem na escola. Não simplesmente estar ali, permanecer no mesmo ambiente, mas realmente aprender”, pontuou a convidada.

A especialista ressaltou que as pessoas costumam enxergar mais as limitações e, por conta disso, deixam de olhar para as aptidões. “Tem ainda uma visão da pessoa com síndrome de Down de incapacidade, de focar no que ela não vai poder atingir. Então, a gente tem essa visão de acreditar que a pessoa, com os apoios necessários, como todos precisamos de alguns apoios, pode atingir uma vida com autonomia e com independência”, afirmou. 

O caminho da inclusão passa diretamente pela capacitação de profissionais, para que realmente entendam a condição genética. “Falta uma política pública de profissionais mais capacitados para lidar em todas essas áreas: saúde, educação, esporte, lazer, para dar esse lugar de decisão e de merecimento que a pessoa precisa”, concluiu Carolina Brancato.

Comunicação

O embaixador da Vitória Down acredita que a comunicação é uma arma poderosa no processo de inclusão. “É importante fazer com que a informação chegue na ponta, chegue nas pessoas. Através da comunicação, a gente tem o poder de alcançar as pessoas, alcançar o entendimento das pessoas, alcançar o coração das pessoas e promover uma mudança de cultura e comportamento”, ponderou Marcel Carone. 

“Eu costumo dizer que as pessoas com deficiência parecem que são alienígenas que pousaram na Terra, e nós, terráqueos, estamos procurando entender como é que convive com essas pessoas, como é que enxerga essas pessoas. Já passou da hora de a gente lidar com essa diversidade e promover, de fato, de forma genuína, a inclusão das pessoas com deficiência na sociedade. Então, a resposta para mim, é trabalhar as ferramentas que a gente tem de comunicação”, acrescentou. 

A associação que tem sede em Vitória atende hoje cerca de 300 pessoas. “São pessoas com síndrome de Down e suas famílias. Porque a Vitória Down anda de mãos dadas com as famílias. É muito importante trazer essas famílias para dentro da associação, porque elas estão ali no dia a dia, mais próximas dessas crianças, desses jovens”, explicou o embaixador.

“Hoje nós temos várias oficinas. Nós temos oficina de fotografia, nós temos oficina de teatro (...) Você olha os meninos atuando, é uma coisa extraordinária (...) Projetos que ganharam inclusive notoriedade em rede nacional, aqui eu cito um exemplo de uma parceria com o governo do Estado, o Corpo de Bombeiros Militar do Espírito Santo, a Brigada 21 foi idealização nossa, foi a primeira turma de brigadistas de um corpo de bombeiros no mundo, formada por pessoas com síndrome de Down”, completou o convidado.

Cadastro

O presidente do colegiado, deputado Alcântaro Filho (Republicanos), ponderou sobre a criação de um cadastro de pessoas com deficiência no Estado. “Nós temos a cada 700 nascimentos, pelo menos um com síndrome de Down, e nós não temos um cadastro. Então, o primeiro passo é esse, é buscarmos estabelecer um cadastro das pessoas com necessidades especiais, para que nós tenhamos minimamente já a noção daquilo que o poder público precisa enfrentar”, avaliou o parlamentar. 

Para o deputado, os serviços públicos precisam ter melhor preparo para lidar com esse público. “Além disso, foi pontuado aqui que nós buscaremos medidas para que as forças policiais, as forças de segurança e os serviços públicos, de forma geral, estejam melhores preparados para lidar com a sociedade, com pessoas com necessidades especiais. Mas o grande problema apresentado é um problema cultural, e por falta de conhecimento”, disse Alcântaro.

“Portanto, uma das propostas que nós vamos apresentar através de um projeto de lei, que já deliberamos aqui, é o de iniciarmos um estudo, para que nós tenhamos um investimento mínimo em publicidade, daquilo que for gasto com publicidade pelo poder público, que seja gerando conhecimento, para que através da publicidade nós tenhamos luz a esse tema e que a sociedade possa não olhar como se fosse algo invisível ou algo inatingível, mas algo necessário, para gerarmos aí a possibilidade de crescimento para todos”, complementou o parlamentar. 

Educação

O processo educacional também foi abordado pelo presidente do colegiado. “O conhecimento, além da publicidade, obviamente ele nasce por meio da educação. E nós precisamos gerar esse conhecimento, seja buscando medidas dentro das escolas para que as crianças possam aprender noções que muitas vezes nos faltam. Ensinar os próprios pais, mas também estimulando as empresas, o poder público a gerar esse conhecimento da causa, para que aí sim nós possamos entender de uma forma melhor e trazer todo mundo à reflexão”, falou. 

“Todos nós temos limitações, todos nós temos as nossas fragilidades e com eles não é diferente. E muitos deles alcançam lugares, ou ao menos merecem alcançar lugares, até mesmo melhores que nós. Então, é entendermos a condição de cada um, respeitarmos e buscarmos um ambiente onde todo mundo possa se desenvolver, crescer e prosperar de forma conjunta”, finalizou Alcântaro.

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