Mesmo com a maioria dos trabalhadores ganhando até dois salários-mínimos, o prefeito Lastênio Cardoso (MDB), parece não enxergar nenhum problema neste aumento exorbitante, que saltou de 12 para R$ 23 mil mensais, acréscimo de 91%.
O curioso é que o município de Baixo Guandu tem pouco mais de 30 mil habitantes e paga ao seu prefeito mais que o município da Serra que é o que mais arrecada no estado do Espírito Santo. Ao término do seu mandato desde o aumento do salário, Lastênio terá acumulado quase meio milhão de reais com os vencimentos, fora os benefícios.
“Se o prefeito soubesse a vergonha que a população tem dele, ele teria a decência pelo menos de ter se explicado, apesar de que não tem justificativa para um prefeito ganhar isso tudo trabalhando aqui”, falou o agricultor Getúlio Almeida Santos, agricultor.
O economista Wallace Millis, criticou o aumento de salários e afirmou que não foi condizente com o momento de crise econômica e social vivido em todo o país. Ainda segundo ele, aumentar os gastos com pessoal pode significar redução de investimentos, o que impacta diretamente a população.
"O que qualquer organização de negócios deve fazer nesse momento, seja o setor público ou privado, é adotar postura mais cautelosa. Quando falamos em setor público, a reserva financeira, orçamentária, é a maior proteção que temos contra a incerteza do futuro. Ao fazer os aumentos que o prefeito está fazendo, abre-se mão dessa segurança e passa-se para a sociedade e para a gestão uma ideia de descompromisso com a austeridade. Se você aumenta gastos com pessoal ou você diminui o custeio ou você sacrifica a capacidade de investimento do município. Isso é algo anacrônico, é fora do ponto, fora do lugar", afirmou o economista.
MÁQUINA INCHADA
A população de Baixo Guandu além de assistir o prefeito aumentar o próprio salário, reclama que o prefeito criou muitos cargos comissionados. Na opinião da vendedora ambulante, este tipo de atitude de prefeito mostra uma antiga prática eleitoreira.
“A gente sabe muito bem que esses cargos são os famosos puxa-sacos e infelizmente ninguém faz nada para impedir isso. É um tapa na cara da sociedade”, falou Mirim Cristina Ataíde.
Os gastos com o cargo de confiança em Baixo Guandu são de R$ 22 milhões por ano, uma das máquinas mais inchadas no Espírito Santo proporcionalmente à população.
CAPITAL
O salário do prefeito da capital capixaba, Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), é de R$ 19.217,12, de acordo com dados disponibilizados no portal da transparência das prefeituras.
A lei que autorizou o aumento do salário de Lastênio Cardoso, também aumentou do vice-prefeito, dos secretários e dos vereadores da cidade. O vice-prefeito que recebia de R$ 4,8 mil passou a ganhar R$ 12 mil mensalmente, um reajuste de 150%.
Já os secretários municipais, que recebiam R$ 4,8 mil, agora recebem R$ 9 mil (aumento de 87,5%). Os vereadores ganham R$ 4,8 mil e, a partir da próxima legislatura, em 2025, vão receber mensalmente a quantia de R$ 7,5 mil (aumento de 56,25%).
Dos 78 municípios do Espírito Santo, Baixo Guandu paga o salário mais alto ao seu prefeito, apesar do município figurar apenas com o 22º lugar em população e em posição parecida quanto à arrecadação que a cidade tem à disposição.
Salário mensal bruto de prefeitos no Espírito Santo
Município Salário Prefeito Nº de habitantes
Baixo Guandu R$ 23.000,00 31 mil habitantes
Linhares R$ R$ 19.719,65 179 mil habitantes
Vitória R$ 19.217,12 369 mil habitantes
Cachoeiro de Itapemirim R$ 17.700,00 185 mil habitantes
Serra R$ 15.752,45 520 mil habitantes
Vila Velha R$ 15.362,73 467 mil habitantes
Colatina R$ 11.253,82 120 mil habitantes
(pesquisa ao Portal da Transparência das prefeituras em 15/09/2024)