Caçadores de likes

Nos dias atuais, o ser humano tem se mostrado capaz de “tudo por nada”. Melhor dizendo, capaz de tudo por um simples like em suas postagens nas redes sociais. 

Em fevereiro de 2019, por exemplo, na queda do helicóptero que vitimou o jornalista Ricardo Boechat, várias pessoas foram até o local do acidente, apenas para filmarem os corpos presos entre os engenhos da aeronave em chamas, enquanto, o motorista de um caminhão atingido pelo helicóptero, preso entre as ferragens de seu veículo, gritava por socorro, e muitos filmavam ignorando socorro ao desesperado caminhoneiro, apenas para garantirem o melhor ângulo do sofrimento alheio em suas redes sociais, a fim de obterem muitos likes.

Com relação ao atual e trágico acidente aéreo acontecido na última sexta feira, 09, em Vinhedo/SP, que vitimou 62 vidas, e que foi gravado ao vivo por moradores da região, é até “compreensivo” os registros originais daqueles cidadãos assustados. Porém, a partir do momento em que diversas pessoas começaram a compartilhar vídeos e fotos do acidente, sem qualquer sentido (postar apenas por postar – na verdade atrás de likes), soa um tanto estranho, pensar que dentro daquele objeto que caía, havia pessoas que em questão de minutos perderiam suas vidas de maneira trágica. 

Antes de postarmos algo desse tipo, nos coloquemos no lugar dos familiares das vítimas, fazendo-nos o seguinte questionamento: - Como eu sentiria, assistindo na tela de um celular, o sofrimento e final da vida de um membro da minha família? 

Acredito que assim, teríamos mais empatia e sentiríamos pelo menos 1% da dor dos familiares daqueles que se foram de forma sofrida e inesperada.