Até onde é cultura?

Olhando pelo âmbito antropológico, a cultura envolve o ser humano de forma que faça sentido a sua existência no mundo como sujeito social, sendo constituído por ligações diretas a diversos conjuntos de aspectos coletivos, tais como, línguas, hábitos, costumes, crenças, leis e outros valores ligados a sociedade.

Dentro de um país como o Brasil, temos diversas culturas regionalizadas, propícia do lugar, da região e diversos tipos de práticas características ou não da subjetividade dos indivíduos. Pensando principalmente em certos hábitos de alguns semelhantes oriundos da nossa nacionalidade e que vivem aqui, até onde podemos definir certas práticas e hábitos como cultura?

Muitas linhas de pensamentos podem discordar da minha, mas penso que a cultura de um sujeito e/ou lugar, não pode afligir, ofender, desrespeitar e prejudicar o espaço do outro, de forma a agredir o hábito, a lei e a crença, isto é, a vida social alheia. Nesse sentido, nomeio tal fato como ausência de educação, ética e/ou respeito.

Por exemplo, um sujeito que não se importa com o descarte do seu lixo, fazendo o abandono do mesmo em qualquer lugar público de forma irresponsável (fora de uma lixeira) e sem qualquer preocupação. É questão cultural ou ausência de educação, respeito e/ou ética?

Não concordo que seja algo cultural, e sim educacional e ético, pois, mesmo que esse sujeito tenha vivido anos em decorrência dessa prática (talvez por herança errônea de geração), não posso dizer que este esteja seguindo uma cultura, pois o abandono do lixo em locais inadequados não faz parte da cultura do nosso país... Pelo contrário, em todo o território brasileiro, descartar lixos em locais impróprios é crime ambiental previsto pela PL 3408/2015. Além disto, é problema ligado a saúde pública e defesa civil, pois gera diversas barreiras de cunhos sociais, como por exemplo, o aumento de doenças zoonóticas e a contribuição para inundações em diversas comunidades.

Se formos levar tudo ao pé da letra como uma cultura individual do sujeito, teremos uma série de coisas que podem nos trazer alguns transtornos coletivos. Devido a este imbróglio, na minha visão, coloco cultura como práticas e hábitos coletivos (ou até mesmo individualizados em pequenos grupos) não prejudiciais ao ser humano, isto é, a si próprio e a outros que estão em sua volta.