Referindo-me especificamente a comunidades e municípios, nos últimos anos, muitos de nós temos nos mostrado insatisfeitos com nossas escolhas políticas na atual situação do quadro que vem se desenhando em vários lugares do estado e do Brasil. Porém, indignar-nos com reclamações, manifestações ou opiniões críticas, não adiantará muito se nossa opinião é contrária a ação ideológica manifestada por nós mesmos no momento da escolha de nossos representantes, isto é, se esta escolha (o voto), foi pautada em algo de ordem controvérsia às nossas cobranças.
Vou tentar explicar melhor trazendo o seguinte exemplo: se vendemos nosso voto ou trocamos por favores, não temos mais direito de cobrar nada do representante eleito que nos comprou, uma vez que o voto já foi ilegalmente pago (dinheiro ou favorecimentos) durante ou até mesmo antes da campanha. Obviamente se está pago, está quite e não temos mais direito a cobranças.
A partir desse fundamento, para que não percas esse direito, a opinião que trago e a recomendação que faço é que todo eleitor leia, estude, pesquise e conheça o seu e outros candidatos antes de votar e jamais ceda por quaisquer motivos a uma eventual negociação pela sua escolha. Isso dará ao eleitor o direito à cobrança, caso algo discorde do que foi propagado pelo candidato no decorrer de sua campanha. Aproveito a deixa para lembrar que de acordo com a lei, a compra de voto é ilegal (Lei nº 9.840/99).
A Constituição de 1988, parágrafo único, art. 1º, diz que “Todo o poder emana do povo [...]”, ou seja, é o povo quem tem o poder para eleger seus representantes legais. E porque trocar o uso dessa força por coisas supérfluas? Falando de forma não generalizada, porém coletiva, o povo tem literalmente o poder nas mãos, mas infelizmente não faz uso do mesmo a seu favor.
O poderio para mudar até mesmo o país está nas mãos da nação, e quando essa nação começar a caminhar ideologicamente com suas próprias pernas esquivando-se de ideologias vinculadas às falácias alienadoras, pensando como cabeça pensante e raciocinando com equidade, as coisas certamente começarão a mudar, pois quando o voto é creditado conscientemente, refletido e pensado no bem comum do coletivo, a tendência é que todos saiam ganhando por atingir uma consciência máxima comum entre os sujeitos.
A compra de voto e a escolha impensada fazem do indivíduo cúmplice passivo da corrupção. Por exemplo, numa decadência municipal por ordem oriunda do desgoverno político, não dá para reclamar se cedemos nossas escolhas à fúteis acomodações reflexivas políticas. Não há base que nos dá poder da crítica se somos cúmplices da turbulência pública. Nesses casos, faço acordo com a citação do radialista e comunicador Hudinho Martins, que sempre ao manifestar sua opinião política diz que “não tem vítimas, tem cúmplices, pois o sistema não é composto apenas pelos grandes mafiosos ou porões do poder... Os maiores financiadores do sistema, infelizmente é o povo.”
Até quando vamos manifestar nossas escolhas baseando-nos no poder ideológico da mídia, das classes esmagadoras e dos que têm apenas interesses próprios, isentando e afastando o povo da saúde, segurança, educação e outros direitos?
Está na hora de conjugar alguns verbos na prática. Está na hora de acordar, parar, pensar, refletir, ler, estudar, pesquisar, desconfiar, questionar, e não aceitar que eles pensem por nós, pois politicamente falando, não há nada melhor do que vivenciar todo o processo da prática do voto consciente como resposta do poder que emana de nós como parte do povo.
Não deixemo-nos enganar...
Acorda Brasil!