Todo mundo conhece o golpe em que ligam para a casa de uma pessoa e dizem ser um parente ou conhecido precisando de dinheiro. Com o tempo, a armadilha evoluiu para o WhatsApp: supostas mensagens de amigos que "trocaram de número" são enviadas junto com um pedido de empréstimo. Agora, o golpe mais recente vem pelo Instagram. Golpistas invadem perfis e, nos stories, anunciam produtos à venda ou investimentos milagrosos. Em casos extremos, a armadilha é tão bem feita que criminosos usam manipulação de imagens para postar vídeos falsos daquela vítima pedindo dinheiro ou anunciando algo.
A radialista Luciana Alves de Aracruz, acaba de se tornar mais uma vítima deste golpe, ela teve seu perfil roubado por um criminoso que está publicando diversos produtos para venda nos stories de seu instagram.
A comunicadora já fez o boletim de ocorrência na Polícia Civil para investigação dos envolvidos.
“Eles tentaram clonar meu whatsapp também, por sorte eu percebi o golpe e não aceitei as mensagens que me foram enviadas, se não, seria ainda pior, porque as pessoas estão mandando mensagens para meu telefone querendo comprar, eles pedem transferência de valores antecipados e infelizmente as pessoas acreditam por pensar que sou eu, algumas ainda perguntam pelo whatsapp e aviso do ocorrido”. Disse Luciana.
A locutora ainda disse que está trabalhando junto a especialistas e autoridades para recuperar seu perfil na rede.
“É covardia, porque tem uma vida inteira ali, registros de momentos importantes, não seria justo ter que começar um novo perfil do zero”.
Luciana disse que serve como alerta para que outras pessoas não caiam na mesma armadilha, "tenham cuidado com o que clicam ou em promoções muito baratas, sorteios e outros. Tudo pode ser apenas um golpe para roubar sua conta. Alertou.
Apesar das vítimas relatarem certa dificuldade de encontrar o caminho para a solução, João Pedro Favaretto, pesquisador do Centro de Ensino e Pesquisa em Inovação da FGV Direito, afirma que a rede social oferece uma solução relativamente simples.
"Antigamente tinha que enviar um e-mail, falar com o suporte que nem em português era. Hoje está muito mais bem feito. Na página inicial do aplicativo há uma opção como 'Ajude-me a entrar', em que você aponta ali sua dificuldade. Dentre as listadas, já está ali o item 'Acredito que minha conta foi invadida', que você pode clicar", afirma.
Este caminho para a recuperação passa por ferramentas tecnológicas, como um reconhecimento facial feito pela rede social para garantir que quem está pedindo suporte realmente é o dono da conta.
Como isso acontece?
As explicações dos motivos de uma conta ser invadida são diversas. Segundo Alessandro Magalhães, gerente de cibersegurança da consultoria Mazars, os artifícios usados pelos criminosos vão desde o envio de links que instalam malwares (espécie de "vírus") nos celulares e, a partir daí, roubam dados, até o vazamento de senhas cadastradas em outros sites que são iguais às usadas nas redes.
"Por isso, é importante ter, além de uma senha forte, uma senha diferente em cada lugar", diz. O especialista explica que muitas pessoas usam senhas consideradas fracas (como nomes, sobrenomes e combinações numéricas sequenciais) ou usam o mesmo código em diferentes lugares. Com isso, se um e-commerce tiver o seu sistema invadido e os e-mails e senhas dos usuários divulgadas, os criminosos podem "testar" aqueles mesmos dados nas redes sociais e, a partir daí, invadir a conta daquele usuário.
Embora atualmente os golpes via Instagram apareçam de forma mais frequente, o professor Favaretto, da FGV, explica que isso é apenas uma "evolução" dos golpes, que saíram das ligações telefônicas e chegaram até às redes sociais.
"Recentemente teve um aumento de golpes no WhatsApp etc. Como tem muito golpe novo, a gente fala que a informação é um cabo de guerra: sempre vai ter novos mecanismos por parte dos criminosos, e novas proteções por parte das empresas de tecnologia. O centro do negócio é sempre o mesmo: o hacker ou golpista tenta se apoderar de uma conta ou tomar uma identidade e a partir dali aplica golpes se aproveitando da confiança das pessoas que acham que estão interagindo com a vítima. Não existe uma falha nova em segurança, mas sim novos tipos de golpes surgindo", diz.
O professor ainda afirma que outra coisa que vem "facilitando" que esses golpes sejam aplicados é a criação de novos meios de pagamento mais fáceis e até mesmo difíceis de serem rastreados, como é o caso das transações em bitcoin. O próprio Pix, sistema de transferência de dinheiro em tempo real do Banco Central, também torna o trabalho dos criminosos mais fácil, já que por meio dele é possível gerar uma "chave aleatória" associada a uma conta para as pessoas mandarem dinheiro.
"Durante a pandemia cresceram as fraudes eletrônicas em geral porque as pessoas estão mais em casa, usando mais internet e os meios de pagamentos on-line estão mais simples. Então, quanto mais fácil é transferir dinheiro on-line, mais fácil se torna o golpe", diz.