Apesar de não conhecermos fluente e pessoalmente a maioria dos famosos, a partida dos mesmos, geralmente nos deixa tristes e pensativos, como se fosse alguém do nosso convívio familiar.
Para o médico, neurocientista José Fernandes Vilas (2021), “na neurociência, chamamos isso de neurônios espelhos. Por exemplo, quem chorou pela perda de Paulo Gustavo e de Marília Mendonça não sentiu tristeza apenas pelo prematuro falecimento deles, mas pela sua identificação com eles e pelo que esses artistas geraram em sua vida.”
Ou seja, as pessoas que se sentiram emocionadas no último final de semana pela morte da Marília Mendonça, choraram a morte da estrela, da artista, da cantora Marília Mendonça, e não pela morte da Marília mulher, dona de casa, mãe do Leo e filha da dona Ruth, tanto que as demais vítimas fatais do mesmo acidente, pouquíssimas vezes foram lembradas, pois esses eram anônimos para a sociedade, assim como anônimos são, a maioria das mais de 600 mil pessoas que morreram em pouco menos de dois anos em decorrência da Covid-19 e de complicações oriundas dela.
Famosos entram em nossos lares diariamente através do rádio, televisão, internet e outros meios, já o anônimo não. Aí está a diferença da comoção, sem contar com o foco que a mídia (principalmente televisiva) coloca em cima, para informar o acontecido.
Partidas prematuras de famosos (como foi a da Marília) sempre trazem a tona, pensamentos reflexivos de que, todos nós, seres humanos, somos mortais. Ontem foi uma famosa, hoje poderá ser qualquer um de nós que vivemos no anonimato, visto que, para morrer, basta estar vivo.
Queira ou não, é uma realidade que temos que encarar, afinal, ninguém ficará para semente.