Na reunião virtual da Comissão de Educação nesta segunda-feira (5), o Ministério Público do Estado (MPES) frisou a importância de escolas manterem alguns setores com funcionamento presencial durante a pandemia e sirvam como local de referência para as famílias mesmo em períodos de risco alto ou extremo - conforme classificação do Mapa de Risco divulgado pelo governo.
A medida integra uma série de recomendações que serão feitas pelo órgão, inicialmente às prefeituras municipais da Grande Vitória, para depois contemplar o interior. Convidada do colegiado, a promotora de Justiça Maria Cristina Rocha Pimentel afirmou que essas diretrizes serão divulgadas ainda nesta segunda (5).
Segundo explicou, as escolas deverão manter a secretaria aberta com revezamento entre os profissionais para atender famílias que precisam realizar transferências e matrículas, por exemplo. Conforme o documento, a unidade deverá adotar os protocolos sanitários e estar sempre limpa, arejada e asseada, sem esquecer do distanciamento social.
Uma das preocupações do Ministério Público é com a manutenção do vínculo entre professores e alunos a fim de evitar a evasão escolar. Nesse sentido, as recomendações reforçam a importância da promoção de atividades pedagógicas, sejam elas por meio físico ou virtual.
“É necessário que a escola, através do seu professor de classe, interaja com essa família”, observou. Caso contrário, “não teremos informações alguma com relação aos estudantes que poderão estar evadidos”. Segundo revelou, cada uma das unidades deverá elaborar um plano de ação para regrar o funcionamento no contexto da pandemia – o documento será remetido ao MPES.
De acordo com Maria Cristina, as diretrizes foram motivadas por reclamações recebidas pelo órgão acerca da falta de interação entre professores e estudantes, sobretudo do ensino fundamental. Secretários de Educação contribuíram para a elaboração das recomendações.
Questionamentos
As medidas apresentadas, no entanto, foram alvo de questionamentos. O deputado Sergio Majeski (PSB) lembrou que muitos estudantes não têm acesso a dispositivos eletrônicos e no interior as escolas ficam afastadas. Esses dois empecilhos, relatou, acabam dificultando a interação.
“No interior, parte desses jovens chegam à escola com o transporte escolar, sem o transporte escolar os pais não têm como ir à escola buscar a atividade”, pontuou o socialista. As colocações ganharam a adesão do Coronel Alexandre Quintino (PSL).
O secretário-geral da Associação de Pais de Alunos do Estado do Espírito Santo (Assopaes), Aguiberto Oliveira de Lima, disse que a exclusão digital existe há décadas e condenou a falta de investimento para superar o problema. Ele cobrou que os Poderes e órgãos repensem a questão “a partir de dados reais, e não da realidade paralela”.
Esforços
O presidente da Região Sudeste da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Vilmar Lugão de Britto, relatou o empenho da comunidade escolar para manter o vínculo com os estudantes.
“As atividades têm sido encaminhadas das mais diversas formas possíveis, disponibilizando carro para levar até a comunidade, espaços públicos, igrejas, centros de saúde, até comércio”, explicou. Para ele, a real dificuldade nesse processo é obter o retorno das famílias.
“Temos dois caminhos quando uma situação acontece, ou nós não fazemos nada, ou nós fazemos alguma coisa. Eu acredito que o que foi feito desde 2020 foi se tentar fazer alguma coisa”, destacou o membro da Associação dos Diretores e Ex-diretores das Escolas da Rede Pública Estadual de Ensino do Espírito Santo (Adires) Rener de Melo.
A representante do Sindicato dos Professores (Sinpro), Silvana de Azevedo Cruz, deu destaque à atuação dos professores na pandemia para não deixar o ensino defasado. “O momento requer muitos esforços coletivos”, avaliou.
Presidindo a reunião, o parlamentar Bruno Lamas (PSB) destacou que todas as sugestões apresentadas serão encaminhadas oficialmente à Secretaria de Estado da Educação (Sedu) e entidades da área.